Ideb: Resultado é bom, mas matemática precisa de intervenção, diz Maria Helena Guimarães de Castro
Ana Okada
Em São Paulo
Atualizado às 20h46
Os resultados divulgados hoje no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2009 foram bons. Essa é a avaliação de Maria Helena Guimarães de Castro, pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e ex-secretária de Educação de São Paulo no governo José Serra (PSDB). "Ele mostra que a tendência de melhora das séries iniciais [do nível fundamental] permanece, e a melhora dos anos finais em português também foi significativa", diz.
Os dados divulgados mostram que, de 1ª a 4ª série, o índice em português no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica)/Prova Brasil foi de 175,8 em 2007 para 184,3 em 2009 - um aumento de 8,5. Em matemática, a nota foi de 193,5 para 204,3 - crescimento de 10,8 na média. A melhora das séries iniciais, segundo a pesquisadora, é importante, pois terá impacto nas séries seguintes.
A pesquisadora ressalta, no entanto, que as notas de matemática dos anos finais do ensino fundamental (5ª a 8ª série) e do ensino médio ainda são muito baixas. "Os resultados [em português] mostram que os responsáveis pelo ensino, que são os Estados e os municípios, estão melhorando na parte de alfabetização, mas mostram também que é preciso investir muito em formação continuada de matemática nas séries finais do fundamental e no ensino médio". "O aprendizado da disciplina nestas séries depende, sobretudo, da educação escolar, de professores que tenham domínio da matéria e que saibam ensinar", diz.
Para Maria Helena, os resultados divulgados hoje pelo MEC (Ministério da Educação) devem ser utilizados para ajudar as escolas a melhorarem o desempenho dos estudantes. "Muitos professores não conhecem a metodologia da Prova Brasil e do Saeb, é preciso que se faça um relatório analítico para ajudar as escolas. Um número não quer dizer muita coisa para a escola; é isso o que está faltando, um bom material pedagógico para que os Estados possam focar nos resultados e superar as deficiências", diz.
Intervenção
"A grande questão como política pública é como melhorar o resultado de matemática de 5ª a 8ª série e no ensino médio, e o que me parece fundamental é um bom material de análise pedagógica dos resultados, para orientar a capacitação dos professores", diz Maria Helena. Ela defende uma intervenção específica em matemática, que apresentou resultados fracos nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.
"É em matemática que temos mais dificuldade, e isso se reflete no ensino médio, que está estagnado. Anos atrás, a explicação da nota ruim era o aumento do número de alunos da rede; agora não, pois o número está diminuindo. Agora, o desempenho depende de professor, da escola, do material didático", completa.
A pesquisadora conta que, de 1997 a 2001, os sistemas de ensino tiveram grande incorporação de alunos e isso se refletiu na queda dos resultados das avaliações de educação governamentais. A partir de 2002, porém, o número de alunos novos se estabilizou, e os resultados começaram, novamente, a melhorar.
Formação continuada
A pesquisadora defende a formação continuada baseada no índice divulgado pelo MEC como forma de melhorar o desempenho dos alunos da rede pública.
"A formação continuada [oferecida pelo governo] ainda é pequena, tem pouca abrangência e é feita apenas com orientações das universidades; não levam em consideração os resultados da Prova Brasil e do Saeb. Seria importante que o MEC fizesse um programa com base nesses dados, com um novo desenho. Do jeito que está hoje, a plataforma [Freire] não resolve o problema de conteúdo. Se o professor não tiver domínio do que ele deve ensinar, não conhecer os problemas que aparecem, e ele vai continuar sem saber o que ele precisa superar", diz.
fonte: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/07/01/ideb-resultado-e-bom-mas-matematica-precisa-de-intervencao-diz-maria-helena-guimaraes-de-castro.jhtm
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