sábado, 15 de janeiro de 2011

Poemas da Beth Zhalouth

Minha poesia saiu de férias 



Arrumei a rima
sem rumo

Arruinei a rinha

Livre,  solta, a palavra louca
-a língua  no céu da boca

A lua cheia beija o céu
-viaja versinho no papel

Nada séria,
a ideia pingou aérea

Lunático verso eu quisera
-quimera

Meu verso clichê
de tanto mel, 
melou

Falso dossiê,
malou

Pouca mola
-não esticou

Mudo:
uma mula


Poesia sincera, azeda
Sensata, azara
Zero voto, se desenhar a cara desse país


Poesia inútil, que se
  apega em coisa particular
Intraduzível, fútil


Tipo insosso:
 palavrinha chula ou fria
Relógio mudo,
casa vazia


Dissabor de amor
mofa na prateleira
Poesia morta,
 torta


Cidade ou personalidade
repaginada em poema,
águia velha sem voo
Marulho, enjoo


Poesia, qual deve ser sua matéria?
A vaidade de quem  te escreve
ou a piedade de quem te lê?
O duelo das palavras 
ou o elo das?
Sua falência? Ou sua resistência?
Sua reinvenção? Ou não?


poesia cara de sapucaia


 milagre
 malabarismo
 maracutaia

 Meu poema de tanto poemar 
fadigou
bocejou
entediou


Meu verso-reverso
desparafusou


meu poema se safou
licenciou
escafedeu-se
escapuliu


conceber as rimas em outro clima...
volver as horas em anarquia...
recompor energia...


meu poema feriou 

http://bethzhalouth.blogspot.com/2010/12/o-dia-em-que-o-poema-entrou-ou-saiu-de.html

Nenhum comentário: