segunda-feira, 18 de outubro de 2010

mais um pouco para nós Professores

Dia dos professores


Por Içami Tiba


E o dia dos professores está chegando de novo. O que se espera do professor -formado para ensinar numa estrutura rígida/sólida como a escola- nestes tempos "líquidos"? O que o senhor teria a dizer para esses profissionais que andam tão perdidos?

A educação pública é como um trem. Um trem com uma única locomotiva puxando muitos milhares de vagões, a correr por trilhos já construídos há muito tempo. Houve uma época em que este trem era a melhor opção para todos os estudantes.

A falta de manutenção e de atualização deste trem, dos trilhos e das estações permitiram e estimularam grupos privados à construção de novos e diferentes trilhos com locomotivas mais modernas e mais ágeis, com vagões mais ricos e confortáveis, equipados com aparelhagem e recursos que satisfaziam mais os passageiros, inclusive com os funcionários que recebiam seus salários pela meritocracia e não simplesmente por estarem profissionalmente lotados. O número de trens particulares aumentou muito, mas vingaram as que mereceram porque foram melhores administradas e também pela sucatização dos trens públicos. Infelizmente, os trens públicos ganham o olhar da política somente em vésperas de eleições, que pouco fazem ou conseguem fazer, e permitem que a sucatização continue. Alguns maus políticos até desviam para si as verbas a elas destinadas, ou gastam-nas em outros setores ou ainda são mal gastas dentro do próprio setor. O pior é que os próprios professores públicos acabam perdendo suas forças por escolherem mal seus representantes políticos.

Nem todos os trens privados são bons como nem todos os públicos são obsoletos. Há exceções para todas as regras. Nem todos os alunos são carentes nas públicas como nem todos são ricos nas privadas. Mas ficou uma voz corrente que tais trens públicos são mais fracos e os alunos-passageiros pouco aprendem e poucos conseguem atingir o estudo superior. Alguns pais empobrecidos pela crise financeira e/ou desanimados com o fraco desempenho escolar dos seus filhos ameaçam-nos e de fato cumprem promessas, matriculando-os em escolas públicas. Assim, o nível dos seus alunos-passageiros piora em relação aos seus colegas dos trens privados.

Os funcionários dos trens no vagão são os professores e o local de trabalho é o próprio vagão. Por melhor ou pior que seja o professor no vagão, os trens continuam suas rotas pré-determinadas pelos trilhos, com os seus programas pedagógicos, formas de relacionamentos entre professor-aluno, estrutura física da sala de aula, recursos materiais etc., principalmente nos trens públicos. Nos privados há maior interação entre os vagões e a locomotiva, chegando-se, inclusive, a construir novos caminhos para os trens.

A maioria dos professores acabam se amoldando aos vagões onde trabalham, e as condições de trabalhos que recebem. Mesmo tendo as mesmas funções focadas no ensino-aprendizagem, há imensas diferenças entre os vagões públicos e particulares, sendo toda a população dos vagões públicos os mais maltratados.
Os professores públicos são sacrificados não só pelos parcos salários que recebem, que mal conseguem sobreviver, mas também da maneira como são tratados pelos “donos dos seus vagões”. São verdadeiros heróis os que conseguem bons resultados, pois estes dependeram praticamente dos seus próprios esforços, seus empenhos e criatividades, seus focos na aprendizagem dos seus alunos-passageiros, fazendo quase que por conta própria suas atualizações e capacitações curriculares.


Aos professores as minhas sinceras homenagens no seu dia comemorativo (mesmo que eu acredite que eles mereceriam ser homenageados todos os dias porque também deles depende o futuro do Brasil).



fonte: http://educacao.uol.com.br/colunas/icami_tiba/2010/10/14/dia-dos-professores.jhtm

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