Uma eleição quase limpa

O que aconteceu no Amapá dia 3 de outubro de 2010, perguntarão as gerações futuras, e a história contará que, nesse dia, as instituições responsáveis pela realização de eleições limpas funcionaram razoavelmente bem, e o povo elegeu, tranquilamente, quem ele quis, e não quem os políticos viciados e a imprensa corrompida determinavam pela pressão, pela mentira e pelo poder do dinheiro. 

Nesse dia um candidato que anunciava a intenção de independência, Lucas Barreto, e um outro, Camilo Capiberibe, que já seguia uma trajetória de oposição à política de atraso que mandava no Estado, passaram para o segundo turno na disputa do governo.

Nesse mesmo dia um professor de 37 anos, Randolfe Rodrigues, foi eleito o senador mais jovem do Brasil, e o ex-senador João Capiberibe teve devolvido, pelo voto, o mandato que uma comprovada armação urdida por adversários havia arrancado dele.

No dia 3 de outubro de 2010 o Amapá vinha de oito anos desastrosos. Com muita festa, uma farra desenfreada com dinheiro público arrancado das necessidades dos cidadãos, sob as benção de uma estranha “harmonia”, que permitia tudo aos donos do poder, cada um agindo de forma criminosa, e se protegendo uns aos outros, estabelecendo a rapinagem como procedimento normal.

Pouco antes das eleições a Polícia Federal deflagrou a Operação Mãos Limpas, prendeu muita gente, e detonou um enorme esquema de corrupção que envolvia negociatas com terras públicas. Foi o ponto de partida para uma outra ação, que viria inibir a compra de votos, método fácil e costumeiro de conseguir mandatos no Amapá.

A partir daí a caça as compradores de votos foi iniciada e executada com sucesso. Evidente que não foi obtido o controle total, mas o que foi feito ajudou muito o projeto de eleições limpas. No domingo o povo do Amapá varreu do seu céu, a mancha deixada por milhares de pessoas que fizeram uma recepção digna de heróis, para políticos presos sob acusação de corrupção.

fonte: http://www.correaneto.com.br/site/?p=1739#more-1739