terça-feira, 23 de novembro de 2010

Crianças aprendem brincando...

Por Içami Tiba




Dois amiguinhos de 6 anos estão brincando no pátio de sua escolinha. Zezinho, o “Palito”,  é um menino magrinho e ágil e Zelão, o “Bola”, é forte e pesado.

O “palito” propõe ao “Bola”: Vamos brincar?

-Do que? Pergunta o “Bola”.

- De pega-pega!  - e o “Palito” já dispara numa corrida em linha reta para a frente e o “Bola” tenta pegá-lo e não consegue. O “Bola” vê o “Palito” se distanciando cada vez mais e dá-se conta de que não vai conseguir pegá-lo. Então grita, já parando de correr:

- Correr aí não vale!
“Palito” para de correr e volta para onde o “Bola” está.

O que aconteceu entre estes amiguinhos?

Eles praticaram uma grande lição de vida: os valores de respeito ao próximo, de disciplina, de diversão, de estabelecimento de limites, de relacionamento humano estar acima dos interesses pessoais.

Era do interesse comum o desejo de brincarem juntos. O “Palito” perguntou se o “Bolão” queria brincar. Esta brincadeira não teria acontecido caso o “Bolão” não quisesse. “Palito” propôs a brincadeira na qual ele tinha certeza que levaria vantagem porque era mais rápido. Seria uma competição divertida, lúdica. Bastaria “Bolão” não correr atrás e acabaria a brincadeira. Porém ele havia aceitado; mesmo sabendo que iria perder, correu atrás do “Palito”. É a disciplina em ação: mesmo perdendo a corrida, mantinha o prazer de brincar. Neste momento era mais importante o manter a brincadeira do que perder ou ganhar. Se há um vencedor, tem que haver um perdedor. Faz parte do jogo. Tão simples assim. “Bolão” não largou a brincadeira porque perdeu. Ele já sabia que perderia quando aceitou o pega-pega.

A grande questão foi: Por que “Palito” parou quando “Bolão” gritou que correr lá não valia? Como ninguém havia combinado antes qual seria o território da brincadeira, o que “Bolão” quis foi advertir que se “Palito” continuasse correndo, “Bolão” não brincaria mais. Para “Palito” também era mais importante manter a brincadeira do que ganhar ou perder. Quer dizer: “Palito” atendeu a advertência porque queria continuar brincando. Se não parasse, a brincadeira acabaria naquele instante. Era chegada a hora do limite que o “Bolão” suportava. Além disso, “Palito” perderia um companheiro de folguedo, e a diversão acabaria.

“Palito” voltou para onde “Bolão” parou já sabendo que era a vez do outro propor a próxima brincadeira, pois ele havia já proposto o pega-pega. Caso “Palito” quisesse propor outra brincadeira, seria injusto com o “Bolão”. Para a brincadeira continuar ela tem que ser democrática onde todos se divertem e não somente um se diverte enquanto o outro simplesmente é ridicularizado ou desrespeitado.
Quando “Bolão” sente que “Palito” está ao seu alcance, ele avança no pescoço dele e o enforca com o seu braço enquanto já vai dizendo: Agora é luta-livre! (ou judô, ou “ultimate fighting”) e já rola por cima dele e o deixa roxinho... “Palito” pede água batendo-lhe onde alcançar rapidamente várias vezes com mão aberta. É uma forma de dizer que não está mais agüentando.

Aqui também todas as considerações sobre o pega-pega podem ser revistas. Mas o principal motivo para o “Bolão” parar de enforcar o “Palito” é porque ambos sabem que com morto não se brinca...

... e saem os dois abraçados em busca de novas e divertidas aventuras.
“Palito” e Bolão” não precisaram que nenhum adulto os ensinasse a brincar. Assim como outras crianças, eles aprenderam a ser saudáveis companheiros num excelente relacionamento. Foi por estas e outras tantas brincadeiras, ambos poderão ser sócios-fundadores de uma empresa empreendedora e terão grande sucesso mundial.

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