Toda semana iremos postar um texto do JoelGrafia, e o nome para esta coluna será Fala Joel!. Os textos do Joel são bastante criticos e por isso são interessantes, pois possuem uma pitada de ironia. Leia e comente!
publicado em junho de 2008
Ser professor é uma profissão extremamente desgastante. É uma função que tem prazo de validade. Você sai da faculdade com todo o pique e em cinco ou seis anos pode estar completamente esgotado. É muita pressão: da sociedade, dos alunos, do governo, do próprio professor.
Quem tem compromisso com o que está fazendo, se preocupa de verdade.
Mas, Como chegar aos trinta anos de atuação com qualidade e prazer?
Acho que precisamos nos reinventar a cada semestre. Acho que o ano sabático (aprovado no Senado) seria a salvação. Mas, é pouco provável que se viabilize. Como garantir que a cada sete anos de efetivo exercício, o professor tenha um ano inteiro para descansar e estudar? Se não conseguem substituir professor que tira licença para tratamento da saúde?
Ontem, um colega do curso de inglês falou da intenção de ser professor. Eu e outros colegas da turma que somos professores alertamos a ele que a educação paga muito mal. Ele, com a linda ingenuidade de garoto, disse que se contenta com pouco. Mas, nosso argumento é que profissionais com a mesma qualificação recebem muito mais. Dissemos a ele que, por mais desapegado que seja à matéria, precisará de recursos para manter-se no exercício profissional com dignidade.
Dissemos a ele também que é importante que a pessoa queira ser professor. Há uma quantidade enorme de profissionais que vieram parar na educação por necessidade e não escolha. E continuam por falta de opção.
Temo que, mesmo os que escolheram a educação, desistam depois de algum tempo.
Há um número considerável de professores em crise. E não consigo vislumbrar nenhuma solução no horizonte. Só posso pedir a Deus que olhe por nós professores e nos ajude nessa nossa missão.
Escrevi essas poucas linhas a propósito da divulgação dos resultados do Ideb, nos quais o Amapá se saiu pifiamente. E lá vem acusação pra cima de nós.
O problema da educação amapaense é gestão inadequada. Mais claramente, falta gestão. Ora, se temos professores com boa formação e com salários razoáveis, então a falha está em não fazer com que esses elementos favoráveis, somados a uma estrutura mínima, sejam colocados em prol de uma educação de qualidade com gestão competente. E gestão não é função de professor. É responsabilidade do Estado. Tem que ter coragem para assumir suas responsabilidades e não só ficar culpando professor. Ora, se tem professor agindo errado, que se criem os mecanismos que corrijam tais falhas. O que não pode é tratar a todos igualmente como profissionais relapsos.
Há muito mais a ser dito. Por enquanto, só peço, não nos tratem pior do que já fazem.
Respeitem o professor, é um profissional em extinção.
Joel Lima da Silva, Professor de Geografia (até já ando dizendo por aí que sou geógrafo, pelo menos a expressão do/da atendente ganha uma exclamação ao invés de desdém após minha resposta).
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