sexta-feira, 25 de junho de 2010

Fala Joel!

QUAL O PREÇO?

 

 

Há alguns meses me comprometi de produzir um texto aos moldes de outro que escrevi, no qual se promovia um “encontro” entre o aluno que fui e o professor que sou.

A idéia era convidar cada pai a refletir sobre o filho que foi e o pai que é. Tipo assim: “o que eu mais esperava do meu pai quando criança? Era justo?” E hoje, como pai, “o que cobro de meu(s) filho(s)? É justo?”

É interessante fazermos esse tipo de análise pois confronta nossas atitudes hipócritas. É um exercício de sinceridade e, no mínimo, nos ajudaria a sermos mais compreensivos.

Mas o texto como foi pensado não vai ser possível: não sou pai. Seria fácil escrever uma reflexão sobre a prática dos outros; mas não seria elegante, nem apropriado. Ninguém escreve texto “puxando a orelha” das mães em maio, já em agosto...

É certo que muitos pais deixam a desejar em suas missões. Mas, nesse ano, eu sinceramente queria simplesmente poder dar um beijo e um abraço no meu pai, dizer quanto o amo, coisas que todo filho deveria querer fazer. Mesmo não podendo mais, como eu. Meu “velho” se foi... antes de ficar velho.

Uma coisa que eu não sabia é que eu amava tanto o meu pai. E aproveitei poucas oportunidades para demonstrar isso. É temerário dar conselhos, mas me arrisco a dizer: filhos demonstrem o amor que têm por seus pais.

Às vezes, quando papai ia fazer alguma pequena viagem, se eu desconfiasse que havia uma chance de eu ir junto, me “emburrava” pelos cantos, até alguém perguntar (de preferência ele): “o que esse aí tem?” Para então responder baixinho (quase chorando): “quero ir...” A glória suprema era ouvi-lo dizer: “te arruma, te arruma”. Vocês conhecem aquele choro que vira riso contido? Pois é: não tem preço.



Joel Silva, 06 de agosto de 2004.
Professor de Geografia em Santana-AP.
(esse texto foi publicado no site do Corrêa Neto - www.correaneto.com.br)
P.S.: Na época, a Catherine* nem era "projeto"

*primeira filha do Joel

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