Esse é um dos textos do JoelGrafia que mais achei interessante por que nos faz pensar e fazer uma reflexão sobre quem somos realmente enquanto profissionais, e sobre como éramos quando alunos. Vale a pena conferir!
E SE O ALUNO QUE EU FUI, ENCONTRASSE O PROFESSOR QUE EU SOU?
Muitas reflexões podem ser feitas se imaginarmos este insólito encontro.
É um encontro possível, se considerarmos nossa capacidade criativa. O resultado não é nada abstrato, senão, vejamos algumas questões:
Se o aluno-que-fui no fundamental encontrasse o professor-que-sou, eu-passado gostaria de mim-presente? Ou seja, na minha visão de aluno, me acharia um bom professor? Sinceramente, tenho medo de ouvir a resposta.
Se, o professor-que-estou, desse aulas para o aluno-que-eu-era, gostaria do garoto que na 7ª série não fazia as atividades? Entretanto, tirava notas o suficiente para não precisar de recuperação e que só lembra da professora de Geografia (Lígia Gomes) por ela ser a musa da garotada e ter trabalhado conosco desde a 5ª série?
Eu-aluno não gostaria da idéia que estamos tendo de fazer um controle dos alunos que gazetam[*], algo tão antigo que imagino se não será mais uma tentativa, bem intencionada, mas ineficaz.
Eu-aluno admiraria eu-professor como admirava a professora Neusa Aires (excelente professora de português), o professor K. Sanada (que, na única matéria que fiquei pra recuperação na 7ª série me ajudou a não ficar reprovado e desde então me tornei outro aluno), o professor Ivanci Magno, a professora Graça Almeida (que ficou desapontada quando soube que não me inscrevera para o vestibular de História, mas que sentiu-se recompensada ao lhe afirmar que não escolhera história porque seria à tarde e em assim sendo, ficaria mais difícil para conseguir emprego)??? Ou Eu-aluno me colocaria em um outro grupo de professores??? Os meus colegas da época sabem qual.
Lições grandiosas estão sendo tiradas desse encontro. Marque o seu.
P.S.: Os pedagogos chamam isso de Reflexão-na-ação, Reflexão-sobre-a-ação e sobre a reflexão-na-ação, sendo Pedro Nóvoa um dos divulgadores dessa proposta.
REFERÊNCIA
ALONSO, Myrtes (organização). O Trabalho docente: teoria e prática. São Paulo, Pioneira Thomson Learning, 2003.
Joel Lima da Silva.
[*] Gazetam – é o que vocês estão pensando, vem de gazetar e os que assim o fazem são chamados de gazeteiros, apesar de não ter encontrado nenhum desses verbetes no Dicionário Escolar, é o que significa cá entre nós.
(escrito em 18 de março de 2004 - véspera de minha 27ª primavera)
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